13 de Junho – O Santo e os Esquecidos: Quando a Fome Reza Mais Alto que o Milagre
13 de Junho – O Santo e os Esquecidos: Quando a Fome Reza Mais Alto que o Milagre

Hoje, 13 de junho, o Brasil celebra Santo Antônio — o “santo casamenteiro”, o padroeiro dos pobres, conhecido por unir corações, curar dores e alimentar os famintos. Em muitas casas, capelas e igrejas, distribuem-se pães bentos, acendem-se velas, pedem-se milagres de amor e fartura.
Mas do lado de fora desses altares, nas calçadas duras das grandes cidades e nos becos esquecidos do sertão, há milhões que não pedem por amor — pedem por comida.
Enquanto rezamos pelo casamento dos sonhos, tem gente rezando por um prato de arroz.
Enquanto pedimos bênçãos para a família, há crianças que dormem sem saber o que é o cheiro de um lar.
Nas filas das sopas solidárias, nos olhos das mães que dividem um pão entre três filhos, no silêncio dos velhos que já perderam a fé — Santo Antônio também mora.
Ele está ali, não no ouro dos andores, mas no suor dos voluntários, no gesto anônimo de quem doa um cobertor, no prato quente oferecido sem câmera por perto.
Onde está o milagre?
Está na solidariedade que desafia o abandono.
Está em cada um que entende que fé sem ação é discurso vazio.
Está em quem transforma a devoção em movimento, o pão abençoado em pão partilhado.
Santo Antônio foi defensor dos pobres. Hoje, ele continua sendo — mas precisa de braços humanos para multiplicar milagres.
Neste 13 de junho, que tal celebrar o santo agindo como ele?
Alimente um corpo. Escute uma dor. Reparta o que sobra. Abrace quem a cidade ignora.
Porque o verdadeiro milagre não é juntar dois corações apaixonados — é não deixar nenhum estômago vazio.
“Milagre de verdade é quando a nossa fé vira alimento para quem só tem a fome como oração.”
Foto: Internet
Por: Jornalista Nilson Carvalho, Embaixador dos Direitos humanos
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