Rancho Alegre, Zona Rural de Arembepe — Quando a Lama Cala as Promessas e a Esperança Vira Resistência

Rancho Alegre, Zona Rural de Arembepe — Quando a Lama Cala as Promessas e a Esperança Vira Resistência

Rancho Alegre, Zona Rural de Arembepe — Quando a Lama Cala as Promessas e a Esperança Vira Resistência
Rancho Alegre, Zona Rural de Arembepe — Quando a Lama Cala as Promessas e a Esperança Vira Resistência (Foto: Reprodução)

A TV Bahia 3, através do jornalista Nilson Carvalho, viu de perto a situação lamentável vivida pelos moradores do Rancho Alegre — uma realidade que grita por dignidade e respeito.

Na zona rural de Arembepe, em Camaçari, existe um lugar chamado Rancho Alegre. Um nome que tenta disfarçar a dor de um povo que caminha na lama, no escuro e no abandono. Enquanto políticos fazem promessas, os moradores vivem um cotidiano de luta, sofrimento e resistência silenciosa.

Dona Maria, 68 anos, sai de casa às 4h da manhã com a sogra nos braços:

"A gente anda mais de 3 km pra pegar transporte. Debaixo de chuva, com o pé na lama. Nem uma cobertura tem na ponte pra se proteger do sol ou da chuva. Isso não é vida digna."

Seu Francisco, agricultor antigo, fala com o olhar firme:

"Se alguém passa mal aqui, é um Deus nos acuda. Ambulância demora porque não tem acesso fácil. Já perdemos vizinhos por causa disso. Aqui, o povo morre esperando socorro."

O Rancho Alegre, que carrega um nome de esperança, hoje vive uma realidade triste e lamentável, marcada pelo abandono e pela luta silenciosa do seu povo.

Anita, jovem mãe de dois filhos, lamenta:

"Não tem praça, não tem área para as crianças, não tem nada. Quando chove, o campo vira um pântano e o rio vira ameaça. Meu menino quase foi levado pela correnteza."

Marta Helena, sonhadora, desabafa:

"Tento estudar, mas como? Quando chove, nem ônibus passa. As estradas viram um caos. Parece que a gente não existe pra cidade."

Maria do Socorro, agente de saúde voluntária, cobra ação:

O antigo prefeito pelo menos, vinha aqui. Já o atual, só apareceu na eleição. Prometeu, apertou mãos, olhou nos olhos... e sumiu. A porta virou para as promessas, mas pro povo continua trancada."

Anônima, que há 10 anos faz trabalho social na comunidade, emociona:

"Pelo povo, eu fico. Faço evento para as crianças, porque sei que elas não têm nada. Mas ver o povo sofrer, as famílias sem apoio, me destrói por dentro."

Paulo José, morador veterano, relata o risco real:

"Essa semana quase fui picado por uma cobra. Só me salvei por causa da lanterna do celular. Os braços de luz queimados, estrada sem sinalização. É como viver no escuro literal e político."

Roberto, lavrador, completa:

"A política virou palco. Enquanto eles disputam poder, a gente disputa espaço na lama pra passar com dignidade. O povo tá exausto."

A ponte de 600 metros é símbolo do abandono: sem abrigo, sem segurança, sem respeito. Rancho Alegre cresce a cada dia, mas segue invisível para quem governa. Lixo recolhido uma vez por semana, nenhuma praça, nenhuma política pública ativa. Só a luta diária de quem acredita que ainda é possível mudar.

Esta não é apenas uma matéria. É um grito coletivo. Um retrato de um povo que, mesmo soterrado pelo barro e pela indiferença, ainda sonha com dignidade.

"Quando o povo precisa andar na lama enquanto o poder desfila em palanques, não é o solo que está sujo — é a consciência de quem prometeu e não voltou. Leia, compartilhe e reflita."

Fotos: TV BAHIA 3

Por Nilson Carvalho – Jornalista, Ativista e Embaixador dos Direitos Humanos

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