Camaforró 2025: quando 80 mil vozes dançam por cultura, memória e direitos

Camaforró 2025: quando 80 mil vozes dançam por cultura, memória e direitos

Camaforró 2025: quando 80 mil vozes dançam por cultura, memória e direitos
Camaforró 2025: quando 80 mil vozes dançam por cultura, memória e direitos (Foto: Reprodução)


Por Nilson Carvalho — Jornalista e Embaixador dos Direitos Humanos


Era ainda cedo, e o ar em Camaçari já tremia no compasso do triângulo. Assim que as luzes se acenderam no Espaço Camaçari, ficou claro que a segunda noite do Camaforró 2025 não seria apenas mais um capítulo do calendário junino: seria um manifesto popular. Segundo estimativa da Polícia Militar, mais de 80 mil pessoas ocuparam cada palmo do terreiro cultural, provando que, quando a arte chama, o povo responde em peso — e com esperança nos olhos.

portalrms.com.br

Sob a bandeira do Grupo Papo de Artista Bahia e da TV Bahia 3, nossa linha de frente — repórteres Jaqueline e Alan Dourado, ao lado desta redação — assumiu o compromisso de mostrar o coração pulsante que bate por trás de cada sanfona. “Com amor, segurança e compromisso com a verdade, faremos do Camaforró 2025 uma história inesquecível”, declaramos à largada da cobertura especial.

O primeiro grande momento veio em forma de poesia: o icônico Mestre Bule Bule tomou o palco da Vila Maria Bonita para lançar o cordel “Maria Bonita é Vila na Festa de Lampião”. Recitando versos que falam de canjica, pamonha e bravura feminina, o mestre lembrou que a cultura popular é semente de futuro — um tipo de educação que brota no peito antes de chegar aos livros. Ali, avós, pais e crianças dividiram o mesmo silêncio reverente e a mesma gargalhada solta, unindo gerações num só estalo de zabumba.

Logo em seguida, o palco principal tremeu: a Banda Cavaleiros do Forró explodiu em energia, atravessando sucessos como “Não Pegue Esse Avião” e hits recentes que fizeram a multidão cantar em coro infinito. Entre selfies, passos ensaiados e abraços improvisados, a vocalista Ana Gouveia traduziu o sentimento coletivo: “Ali tem histórias, tem corações conectados aos nossos”. Cada acorde, um lembrete de que dignidade também se dança, de que as arenas culturais são — ou deveriam ser — espaços de respeito, inclusão e segurança.

Mas Camaforró é mais que entretenimento; é termômetro social. Dos ambulantes que sustentam suas famílias às equipes de limpeza que viram madrugada para garantir um chão sem lixo, milhares encontram ali sustento e visibilidade. É nessa coreografia invisível que se mede a verdadeira grandeza de um evento popular: garantir acessibilidade, combater assédio, respeitar a diversidade e zelar pela volta segura de quem só queria dançar um xote sob as estrelas.

No fim da noite, restou a certeza de que a cultura é também um ato político: quando uma sanfona puxa o ar, ela puxa junto o direito de existir — de celebrar raízes e sonhar futuro.

 “Compartilhe este forró que pulsa liberdade: só há festa de verdade quando cada passo de dança também avança um passo em direção à justiça.”

Fotos: Alan Dourado / Jaqueline


 www.papodeartistabahia.com.br   

Comentários (0)