Os esquecidos da Alameda do Rio: quando a dignidade afunda na lama

Os esquecidos da Alameda do Rio: quando a dignidade afunda na lama

Os esquecidos da Alameda do Rio: quando a dignidade afunda na lama
Os esquecidos da Alameda do Rio: quando a dignidade afunda na lama (Foto: Reprodução)

Por Nilson Carvalho – Jornalista, Embaixador da Cultura e dos Direitos Humanos

Enquanto muitos celebram São Pedro com alegria, música e mesa farta, na Alameda do Rio, em Camaçari, o povo comemora debaixo de lama, abandono e indignação. A confraternização da Associação de Promoção ao Trabalho Integrado (APTI), realizada neste sábado, 28, é marcada não pela festa, mas por um grito silencioso de revolta e humilhação.

As imagens são chocantes: crianças, mães, idosos e trabalhadores afundando literalmente no descaso público. Não é um caso isolado, não é de agora. São 22 anos de história, luta e resistência – sem nunca receber uma visita oficial, um apoio real, um gesto concreto de qualquer esfera de governo.

Dentro da APTI existe um centro de educação e cultura que muitos desconhecem: uma biblioteca com mais de 3.500 livros, oficinas de bateria, pintura, informática, artesanato... Um verdadeiro farol de esperança em meio à escuridão do esquecimento. Mas esse farol segue aceso sem energia política, sem reconhecimento, sem o menor apoio.

A pergunta que ecoa entre os moradores é dolorosa e legítima:

“Onde está o Ministério Público? Onde estão os vereadores que só aparecem em época de eleição? Onde está a sensibilidade humana diante de tanta lama – literal e simbólica – que cobre os nossos pés e os nossos sonhos?”

O medo de represálias é real. Moradores preferem o silêncio à exposição, pois sabem que, em um sistema onde quem grita demais incomoda, o castigo vem rápido e invisível. Mas isso não impede que a verdade seja dita e documentada. E hoje, ela escorre com a água suja que cobre o chão da Alameda: o povo está na lama. O povo está cansado. O povo está sozinho.

“O silêncio das autoridades é a lama que afunda a esperança de um povo inteiro.”

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Não podemos mais normalizar o abando

"É desumano chamar isso e ruas o que é, na verdade, um mergulho forçado na lama do abandono — enquanto os poderosos brindam no asfalto, o povo afunda no esquecimento."

Fotos: APTI – Associação de Promoção ao Trabalho Integrado




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