“Brics Menos”: Quando a Esperança do Sul Global Tropeça em Seu Próprio Caminho

“Brics Menos”: Quando a Esperança do Sul Global Tropeça em Seu Próprio Caminho

“Brics Menos”: Quando a Esperança do Sul Global Tropeça em Seu Próprio Caminho
“Brics Menos”: Quando a Esperança do Sul Global Tropeça em Seu Próprio Caminho (Foto: Reprodução)

Por: Dimas Carvalho – Colunista do Jornal Papo de Artista Bahia e Ativista Social.

A cúpula do Brics no Rio de Janeiro, marcada para reafirmar a nova identidade do bloco com sua recente ampliação, transformou-se em um retrato fiel das fragilidades que ainda assombram a cooperação internacional entre os países do Sul Global. O que era para ser o marco de um novo tempo – mais inclusivo, mais robusto e com voz própria diante das potências tradicionais – se esvaziou em ausências simbólicas, embates internos e, sobretudo, uma dolorosa falta de propósito comum.

A ausência de líderes como Xi Jinping e Vladimir Putin, além de novos membros como Irã e Egito, não representa apenas um desfalque protocolar. É um grito silencioso de que algo está profundamente desalinhado. A China, que tanto articulou a ampliação, declina sua presença em cima da hora, com uma justificativa burocrática. Putin é barrado por um mandado internacional. E o Brasil, anfitrião e berço do sonho de um Brics com protagonismo, se vê dividido entre discursos e ações, entre o que o Planalto imagina e o que a diplomacia executa.

Não há multilateralismo possível quando a confiança mútua se dilui, e a ausência de clareza estratégica transforma o bloco num mosaico de interesses desconectados. A ideia do “Brics Plus”, que acenava para uma plataforma de coordenação do Sul Global, hoje se esfarela em um “Brics Menos”: menos presença, menos força, menos unidade.

Por trás das mesas diplomáticas e das palavras medidas em notas oficiais, está o que realmente está em jogo: a esperança dos povos periféricos do mundo. Milhões de pessoas que enxergam no Brics a chance de um equilíbrio geopolítico, de novas economias mais solidárias, de uma voz mais justa nas decisões globais. Quando esses encontros falham, não é só um projeto político que se esvazia. É a chance de um mundo mais equitativo que se afasta.

Neste cenário, a ausência deixa de ser apenas física. É simbólica. É ausência de compromisso, de visão, de urgência humanitária. O Sul Global precisa de ação e coesão, não de promessas diplomáticas que morrem antes mesmo de serem escritas em papel.

Quando os líderes se ausentam, a esperança dos povos fica órfã. Que não falte presença onde mais se clama por justiça. Compartilhe, reflita e exija mais do que bandeiras: exija compromissos reais.

Foto: Internet

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